24.12.06

Presépio retirado de escola oficial

A directora do centro escolar, Mercedes García del Alamo, mandou retirar um presépio montado pelos alunos numa sala de aula.
A federação católica de pais de alunos pede a demissão da directora do Instituto Las Lagunas, em Málaga, por ter ordenado que o presépio fosse retirado . Num comunicado de Imprensa, os professores de Religião e Moral, o colectivo de pais católicos de Málaga e alunos do Instituto Las Lagunas mostram-se "indignados" pela "atitude desrespeitosa" protagonizada por aquela professora

A responsável pelo instituto alega que, numa "escola pública de um país laico, não são permitidos os símbolos religiosos".
Os signatários do comunicado apresentaram formalmente queixa ao delegado provincial da Educação e Ciência do Governo da Andaluzia, José Neto, solicitan do que a professora seja imediatamente suspensa das suas funções e afastada da docência. É ainda desconhecida a resposta do responsável pela Educação da Andaluzia ao documento.

Mais um episódio duma guerra sem sentido que está para durar.

Bom Natal para os meus visitantes e amigos!

18.12.06

Moral sexual


O teólogo, sacerdote e escritor espanhol Benjamin Forcano, afirma que 70% dos católicos não cumprem com a moral sexual.


Pergunto: o problema estará na desadequação da moral sexual com os modelos culturais vigentes?, estará no desencontro dos católicos com a moral sexual proposta pela doutrina eclesial?, está em ambos?, ou em qualquer outra coisa mais ou menos indefinida?...


O que é que falha aqui?


No blog: Na sacristia


5.12.06

Natalidade baixa pede não ao aborto

Referendo ao aborto é um disparate

Em Portugal nascem cada vez menos bebés. Nas duas décadas passadas deviam ter nascido mais 900 mil crianças. Isto no dizer da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN).

O presidente da APFN, Fernando Castro, explica: "Para haver uma renovação de gerações era necessário que nascesse uma média de 2,1 filhos por cada mulher. Para que isso acontecesse seriam necessários mais 47 mil nascimentos.
Ora isso não acontece, porque a média de nascimentos por cada mulher é de apenas 1,4.

Isto vai trazer um FUTURO "DRAMÁTICO", segundo augura Fernando Castro. As perspectivas "são dramáticas, uma vez que gente que não nasce não vai estar a trabalhar e por isso não haverá pessoas suficientes para pagar as pensões de reforma e contribuir para a sustentabilidade da Segurança Social".

Esta conclusão leva o dirigente da APFN a defender que o número de filhos devia ser um factor a entrar para o cálculo da pensão de reforma das famílias. Pela mesma lógica, Fernando Castro considera o referendo sobre o aborto "um disparate".

29.11.06

Gastos a mais


Dois milhões e meio de lâmpadas vão iluminar 45 ruas de Lisboa entre 25 de Novembro e 6 de Janeiro. Em princípio fez-se um esforço para reduzir (ou, pelo menos, não aumentar) despesas, procurando começar duas semanas mais tarde do que já é habitual, e usando lâmpadas de incandescência com a tecnologia LED que permute menor gasto de energia.


Das 53 juntas de freguesia de Lisboa, 21 pediram que a câmara as apoiasse. Verifica-se assim um aumento em relação a 2005. Entretanto o Millenium promove no Terreiro do Paço a maior árvore de Natal da Europa (segundo dizem, porque não estive a medi-las). Vai-se gastar cerca de 885 KW por hora, o que me parece um número pesado. Na Praça da Figueira haverá uma enorme tenda de Natal.

A União das Associações de Comerciantes e Serviços afirma que o montante gasto com iniciativas e iluminações em toda a cidade deve andar aproximadamente em um milhão de euros.

6.11.06

Pena de morte para Sadam

Castigar um crime com outro crime quer dizer que ainda estamos no ponto de olho por olho, dente por dente.”

Cardeal Renato Martino, Presidente do Conselho de Justiça e Paz do Vaticano, a propósito da condenação de Saddam Hussein à morte por enforcamento.


31.10.06

O aborto


Vi o debate sobre o referendo ao aborto, no «Prós e Contras» de ontem, na RTP, em que o Dr. Gentil Martins lembrou um ponto importante do Juramento de Hipócrates: o compromisso assumido pelos médicos de apenas agirem na defesa da vida humana. Não sendo a gravidez uma doença, e não conduzindo o aborto geralmente à defesa de nenhuma vida humana, os médicos devem pôr-se de fora.

O Bastonário dos Médicos, Dr. Pedro Nunes, frisou outro aspecto importante: se o Ministro da Saúde tem dinheiro para financiar clínicas privadas privadas para fazerem abortos, sem listas de espera, devemos pensar que as listas de espera das verdadeiras doenças continuarão a aumentar ainda mais.


Porque não dedicar antes a estas verdadeiras doenças os meios que o Estado se dispõe a desviar para a interrupção de gravidezes - que não são doenças?

O outro médico, de que me não lembra o nome, é a favor da plena liberdade das mulheres pedirem o aborto! Como se os pais não fossem achados para o caso e só as mães pudessem dispôr da criança que conceberam!

Há na pergunta do referendo algo de muito estranho e mal explicado!... Já o sabia mas agora fiquei ainda melhor informada.

26.10.06

Dívidas e lucros a mais

As famílias portuguesas continuam a endividar-se e, em Agosto, o volume de crédito concedido pelos bancos totalizava já 113,5 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 75,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ou a uma subida de 937 milhões face a Julho.

Entretanto, e decerto por isso mesmo, os Bancos continuam com lucros fabulosos. O resultado líquido do Banco Espírito Santo aumentou 46,5% nos primeiros nove meses do ano elevando-se a 304,7 milhões de euros, anunciou a instituição bancária. E os outros seguem pelo mesmo caminho.

Com tudo isto quem se lixa é o mexilhão. Tantos casais que não conseguem pagar os juros e vêem as suas casas serem vendidas em hasta pública.

24.10.06

O decálogo do amor...

Dedicado a todos os meus amigos apaixonados (?)

"1 - Antes de amares os outros, aprende a respeitar-te a ti mesmo. Quem não se respeita não pode amar.

2 - Não confundas o amor com as sensações ou emoções da atração. O verdadeiro amor é fruto de uma disciplina, de um treino.

3 - Não confundas amor com posse.(...)

4 - Amar é expressão de maturidade. Ela vem depois de uma longa caminhada pessoal.

5 - Não confundas amor com dependência de outro/a, necessidade de apoio, medo de solidão (...)

6 - O amor é por definição, uma relação vertical. Podem vivê-lo aqueles que conseguiram emergir da horizontalidade do dinheiro,
do poder, do sexo, do sucesso.

7 - Uma pessoa superficial nunca poderá amar.

8 - Quem não experimentou o sofrimento espiritual não conhece o amor.

9 - O amor é uma coisa bela. mas é como uma flor: Se lhe deixares faltar a àgua morrerá.

10 - Todos falam de amor. Pensam que amam, mas na realidade não amam. E não sabem disso.

* O Amor é humildade não modéstia.
* O Amor é doçura não pieguice.
* O Amor é capacidade de sofrer não masoquismo.
* O Amor é capacidade de tomar decisões, não sadismo.
* O Amor é saber dizer não quando é preciso
* O Amor é escolher.
* O Amor é manter sempre a dignidade pessoal.
* O Amor é querer o bem do outro, dos outros.
* O Amor não é egoismo.
* O Amor é verdade."


Valerio Albisetti - "Para ser feliz"

Extraído de Eu estou aki

6.10.06

Um mundo cão

Violência de filhos contra pais continua a aumentar

Com este título ou outro, saiu há dias nos jornais uma notícia que nos faz pensar. Como tratamos os nossos pais? Sou mãe e também filha e custa-me saber que hoje muita gente despreza os que tanto sacrifício fizeram por eles.

Deixo aqui a notícia do D. N., sobre este assunto:

É a face mais escondida da violência doméstica: as agressões de filhos contra pais continuam a aumentar em Portugal, com o primeiro semestre de 2006 a registar 295 ocorrências, quase o mesmo número (314) das verificadas durante todo o ano anterior. Estes dados pertencem apenas à Polícia de Segurança Pública (PSP), restringindo-se por isso às zonas urbanas.

Para o presidente da Associação de Apoio à Vítima (APAV), "a sociedade começa a ter cada vez mais consciência deste fenómeno", e o acréscimo de registos pode dever-se mais à frequência com que as vítimas se queixam do que a um aumento de casos propriamente dito.

Segundo os números da PSP, a que o DN teve acesso, nos primeiros seis meses do ano foram registados 5501 casos de violência doméstica, dos quais 4217 foram contra o cônjuge ou companheiro, 148 contra menores de 16 anos, 238 contra filhos e 603 contra outros familiares. Tendo em conta que no ano de 2005 se contabilizaram 9816 queixas de violência, verifica-se no total, sem discriminação por tipologia de agressores e vítimas, uma tendência de subida.

A PSP atribui o facto a "uma maior consciencialização das vítimas para os seus direitos", devido às campanhas nacionais entretanto criadas. Segundo a mesma fonte, os números também reflectem a "maior formação das forças de segurança, a criação de salas de atendimento de vítimas de crime nas esquadras e uma maior interacção entre entidades públicas e privadas".

"As pessoas têm cada vez mais consciência de que este tipo de violência também é crime. Antes, era menosprezada", refere o presidente da APAV. As agressões caladas pelas mulheres e menores, comuns há uma década, estão a acabar - mas manteve-se uma barreira de silêncio no que se refere à violência de filhos contra pais, que só agora começa a ser quebrada. "A visibilidade que está a ser dada a estes casos só pode ser comparada à que denunciou a extensão da violência contra cônjuges e crianças no nosso país", explica ainda João Lázaro.

Existe uma tendência marcada para a agressão ser efectuada por um filho adolescente ou já adulto, embora também existam casos registados de descendentes mais novos. A vítima, na maior parte dos casos, é idosa e tem grandes dificuldades em defender-se - e também em queixar-se, não só por vergonha e medo como por desconhecimento dos mecanismos que estão ao seu dispor para efectuar as denúncias. Ou mesmo dificuldade em deslocar-se (ver entrevista em baixo).

Em termos mais práticos, durante o primeiro semestre do ano a PSP efectuou 125 detenções por crimes de violência doméstica - em 2005 foram presos 249 indivíduos, entre Janeiro e Dezembro.
Maria José Margarido in D. N.

15.9.06

Um post diferente

Visto em laboratório da fé




Achei interessante e não resisti a trazê-lo para aqui.


«Dedicado a todas as pessoas que ajudam.
Às que riem e choram com os outros.
Às que, com as suas mãos, constroem a esperança.»
Padre Jony


9.9.06

Envelhecimento

Gene que cura também envelhece

Três diferentes estudos confirmam que um gene que funciona suprimindo tumores também desempenha um papel fundamental no envelhecimento. Os pesquisadores descobriram um aumento da expressão do gene p16INK4a em células mais velhas, que funcionavam pior que outras, mais novas, e "lembravam" a idade mesmo quando transplantadas para organismos jovens. Além disso, células de ratos criados sem o gene demonstraram menor perda de eficiência enquanto os animais envelheciam, funcionando de modo semelhante às células de ratos jovens.

Equipas das faculdades de Medicina das universidades de Carolina do Norte, Michigan e Harvard observaram resultados similares em células do pâncreas e células-tronco do sangue e do cérebro. A descoberta mostra que tipos diferentes de célula têm um sistema comum de envelhecimento, e sugere que doenças ligadas ao envelhecimento podem resultar de uma falha no crescimento celular, diz o médico Norman E. Sharpless, co-autor dos três trabalhos.
"Os estudos indicam que certas células-tronco perdem a capacidade de dividir e substituir-se com a idade, conforme a expressão do p16INK4a aumenta", disse Sharpless. Os três estudos serão publicados pela revista científica Nature. Sharpless adverte que qualquer novo tratamento para o envelhecimento baseado na manipulação do p16INK4a deveria seguir dois importantes alertas: "Primeiro, mesmo com os ratos sem p16INK4a tendo demonstrado maior função de células-tronco, eles não viveram mais. Isso porque o gene é importante para evitar o cancro, e os ratos sem ele tiveram mais tumores que ratos velhos normais". A segunda advertência é de que a perda do p16INK4a gerou melhora em alguns, mas não todos, os sintomas do envelhecimento. "Há mais coisas que contribuem para a velhice. Não sabemos, ainda, o que são", disse o cientista.

4.9.06

Crianças e violência


Noticiaram há dias os jornais que, apenas em três anos, o Hospital Amadora-Sintra atendeu cerca de mil e duzentas crianças vítimas de violência, abusos sexuais e de negligência.

E estes são dados de apenas um hospital duma zona do nosso país. Calculamos, por isso, que serão muitos milhares os casos que todos os anos acontecem no nosso país.

Uma vergonha – diremos. Mas que é feito dos que os praticaram? Foram levados aos tribunais e condenados? Ficaram impunes e aptos a cometer novos crimes?

Perante a quantidade e gravidade dos casos, que providências tomaram governos, legisladores e demais entidades com maiores responsabilidades na sua urgente resolução?

Pela dimensão que atingiram é fácil concluir que nenhumas ou tão poucas e tão ineficazes que não só aumentaram os crimes contra as crianças mas também bastantes se revestiram de aspectos tenebrosos e de barbaridades antes raríssimas ou até impensáveis, a não ser em alturas de profunda crise moral.

19.5.06

O Código da Vinci

Boicotar ou elucidar?


Achei interessante esta tomada de posição do Bispo de Macau, que transcrevo:

A igreja católica deve «chamar a atenção» do público que o livro e o filme «O Código Da Vinci» são baseados numa novela e evitar dizer às pessoas para não verem o filme, considerou o bispo de Macau.
«É inútil dizer que não se pode ver o filme. O livro está traduzido em 44 línguas e o filme está em exibição em todo o mundo», afirmou D. José Lai em declarações à imprensa de Macau após uma exibição especial do filme.
O bispo de Macau considera também que o papel da igreja é o de «chamar a atenção dos católicos e do público em geral para o facto de que o filme é baseado numa novela, numa ficção que é uma teoria herética».
Para o líder da igreja católica de Macau, o filme é apenas isso mesmo, «um filme» e «não tem valor histórico, não é a verdade».
As declarações do bispo de Macau ganham importância tanto mais que o filme está a ser exibido no Centro Diocesano de Macau, explorado pela igreja católica local.
Num comunicado emitido pelo centro é sublinhando que a instituição se encontrava no «dilema» de «boicote ou exibição do filme», tendo sido tomada a decisão de passar a película nas salas de cinema porque «o debate com criticas pode fortalecer a (nossa) fé».
«Toda a crise se pode tornar numa boa oportunidade para crescer e amadurecer, para adquirir mais consciência, responsabilidade e maior conhecimento religioso por parte dos cristãos», razão porque é considerada uma «acção negativa o boicote do filme».

4.4.06

Sinais de vida

Já há tempo que não escrevo: coisas do final do período lectivo. Voltarei logo que possa.
Até lá.

19.3.06

Gorgeta de 800 euros

Não é todos os dias que alguém recebe 800 euros de gorgeta!...
Mas calhou a sorte a uma empregada de um pequeno restaurante da Virgínia. Depois de um almoço de hambúrgueres e batatas fritas, uma cliente deixou-lhe 10 notas de 100 dólares.

Erin Dogan, uma viúva de 28 anos, explicou ao Times que não necessitava do dinheiro e preferiu dá-lo a alguém que realmente precisasse. E a jovem que a serviu, com 19 anos e grávida, foi bafejada com uma quantia que, decerto, veio mesmo a calhar.
Ainda há almas boas!...

9.3.06

Paraíso na terra?!

E que tal!

O milionário norte-americano Tom Monaghan vai construir uma cidade modelo.
Esta comunidade que se chamará «Ave Maria», será construída na Florida, tem capacidade para alojar cerca de 30 mil pessoas e deverá estar concluída em meados do próximo ano.
Nesta comunidade será ainda instalada a primeira universidade católica fundada no país nos últimos 40 anos, em que deverão estudar cerca de cinco mil alunos.
Em «Ave Maria», os habitantes terão de se conformar às leis da Igreja católica.

Fundador da empresa Domino¿s Pizza, a segunda maior cadeia de pizzas dos EUA, Tom Monaghan, um católico fervoroso, vendeu a empresa em 1998 e aplicou os 840 milhões, que recebeu com a venda, em projectos religiosos, sendo este o mais ambicioso.
O projecto de Monaghan está a registar uma boa adesão. Os terrenos, apartamentos e espaços comerciais estão à venda na internet. Sete mil pessoas já compraram uma habitação na cidade e mais de metade do espaço comercial já está ocupado.

4.3.06

Filme sobre canibal foi proibido

Quem está de acordo?


O filme sobre um canibal alemão está proibido na Alemanha. Um tribunal alemão proibiu a exibição do filme baseado no caso de Armin Meiwes, condenado na Alemanha por canibalismo.
O tribunal, avança a BBC, acatou a queixa de Meiwes, de 44 anos, contra o filme Rohtenburg. A estreia do filme na Alemanha estava prevista para dia 9 de março.
Em março de 2001, Armin Meiwes admitiu que matou um homem de 43 anos, Bernd Juergen Brandes, e comeu partes de seu corpo. E que apenas se limitou a seguir as instruções da vítima, que desejava morrer.
O crime foi cometido depois de ter colocado um anúncio na internet convidando vítimas a apresentarem-se para o «sacrifício».

Estará em causa a liberdade de expressão e criação?

25.2.06

Confissão

Que dizer?

Em 2005 os confessionários da Cova da Iria bateram o recorde de afluência dos últimos cinco anos.
Segundo dados revelados pela reitoria do Santuário, o sacramento da reconciliação foi procurado por 187 122 pessoas, só no ano passado. Este índice de confissões foi o mais alto desde o ano 2000, verificando-se um aumento de 10 824 crentes confessados em relação a 2004.
Que se passa nas paróquias?
Será que as pessoas voltaram de novo à confissão?

16.2.06

A canção do irmão

A Força do Amor


Como qualquer mãe, quando Karen soube que estava grávida, fez todo o possível para ajudar o seu outro filho, Micael, com cinco anos de idade, a se preparar para a chegada. Os exames mostraram que era uma menina, e todos os dias Micael cantava perto da barriga de sua mãe. Ele já amava a sua irmãzinha antes mesmo dela nascer.
A gravidez decorreu normalmente.
No tempo certo, vieram as contracções. Primeiro, a cada cinco minutos; depois a cada três; então, a cada minuto uma contracção. Entretanto, surgiram algumas complicações e o trabalho de parto de Karen demorou horas. Todos discutiam a necessidade provável de uma cesariana.
Até que, enfim, depois de muito tempo, a irmãzinha de Michael nasceu. Só que ela estava muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-nascida para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary.
Os dias passaram. A menininha piorava. O médico disse aos pais: "Preparem-se para o pior. Há poucas esperanças". Karen e seu marido começaram, então, os preparativos para o funeral.
Alguns dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebé. Hoje, os planos eram outros. Enquanto isso, Micael todos os dias pedia aos pais que o levassem para conhecer a sua irmãzinha."Eu quero cantar pra ela", dizia ele. A segunda semana de UTI entrou e esperava-se que a bebé não sobrevivesse até o final dela.

Micael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI. Entretanto, Karen decidiu: ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva.
Vestiu Michael com uma roupa um pouco maior, para disfarçar a idade, e rumou para o hospital.
A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali. Mas Karen insistiu: "Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!" Ela levou Micael até à incubadora. Ele olhou para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha pela vida. Depois de alguns segundos a olhar, ele começou a cantar, com sua voz pequenininha: "Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro..." Nesse momento, a bebé pareceu reagir.
A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen encorajou Micael a continuar cantando.
"Você não sabe, querida, quanto eu te amo. Por favor, não leve o meu sol embora..." Enquanto Micael cantava, a respiração difícil da bebé foi-se tornando suave.
"Continue, querido!", pediu Karen, emocionada.
"Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em meus braços... "A bebé começou a relaxar. "Cante mais um pouco, Michael." A enfermeira começou a chorar.
"Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro... Por favor, não leve o meu sol embora...
"No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos dias foi para casa.
O Woman's Day Magazine chamou essa história de "O milagre da canção de um irmão". Os médicos chamaram simplesmente de milagre.
Karen chamou de milagre do amor de Deus.
Deus é grande! - dizia.

5.2.06

Casamento homossexual

Sim ou não?


Com o comentário de Godmundo a um post de Jardim de Luz aprendi alguma coisa e por isso o transcrevo aqui quase na íntegra. Espero que o autor não me leve a mal.

«E a pergunta veio por causa do comentário da Caríssimos: é que o casamento civil, sem que eu consiga perceber como, foi promovido pelos próprios católicos a uma espécie de duplo do casamento/matrimónio. Isto é, na minha opinião, uma armadilha muito séria. Ele nasceu quando começou a haver, na "classe alta" do século XIX, situações como a do Principe Carlos e da Camilla. As "conveniências sociais" exigiam um casamento, e, olha! um deles tinha contraído - e descontraído - um matrimónio. Mais nada do que isto.Coincidência engraçada: estou a chegar da Feira da Ladra, onde comprei um livrinho do Padre Mário de Oliveira (então o "padre Mário de Macieira da Lixa", escrito e publicado ainda antes do 25 de Abril. Parei a tomar um café e abri-o. E encontrei uma homilia sobre o "dar-te-ei isto tudo se prostrado me adorares". Dizia ele: cuidado com o Poder, que ainda usa esta linguagem. O que o Poder faz aos cristãos é dizer "leva-me a sério, confia em mim. Diz que as minhas coisas são iguais às tuas coisas. Em troca eu até obrigo toda a gente a respeitar-te. Tudo isto me pertence, vês? Fica tão mais fácil evangelizar". E portanto queria sintetizar o que acho sobre isto tudo:(a) não faço a mais pequena ideia sobre o que pensa deus da homosexualidade. tenho imensa pena. (b) sei o que diz a hierarquia da igreja, ao mais alto nível, e procuro entender a teologia do matrimónio e do amor, sem conseguir (mas deve ser defeito meu). (c) acho o "casamento civil" uma vigarice institucionalizada. Acho que só devia haver uma regulação de alguns efeitos legais de "uniões" (muito poucos) e uma grande protecção da situação das crianças. Mas a "união" em si deve ser feita - e desfeita - pelo simples acto de fazer a mala. Acho mais que há coisas que fazem doer de ridiculas que são (o que é isso de estar no Bilhete de Identidade "estado civil, divorciado"? que insolência é esta?!). Acho que evidentemente a Banca adora a ideia de quem durma comigo fique a responder pelas minhas dividas. E acho outras coisas do mesmo género.(d) acho em particular o argumento último da "procriação" como "fim da familia a ser protegido pelo Estado" um argumento perigosissimo, proque é ainda mais fascista do que os outros. Quero do Estado absoluta distância disso (quer na versão "crescei e multiplicai-vos" quer na hedionda versão chinesa do "filho único"). Aliás, quero absoluta distância do Estado em tudo. (e) os meus amigos homosexuais e bisexuais têm-me ajudado, ao longo da vida, a aprender a reconhecer os terríveis sintomas da insegurança de identidade masculina (recomendo a todos que vejam o assombroso filme "Beleza Americana"). Não gosto muito dos homens (masculino) em geral. São quase sempre demasiado brutos ou demasiado frágeis. O "medo", a "repugnância" e a grosseria para com a homosexualidade escondem, no sótão ou na cave, coisas que só deus sabe. As mulheres não são anjos, mas basta ver a diferença no modo como se tocam e partilham o que são. No dia em que for vulgar ver dois homens ir juntos à casa de banho no meio de uma festa o mundo será um lugar bem mais tranquilo. (f) gostei muito do que disse o zebeirão, so que no plano civil, ou leigo, ou mundano, ou profano, não basta. Porque há policias e prisões e juizes e coisas dessas. Preciso de regras justas, e não apenas de "compreeensão e amor". Embora estas sejam indispensáveis, claro. (g) uf, estou cansado. Desculpa lá se me excedi. Aliás, desculpem todos. No fundo, estas discussões mudam-nos mais a todos do que qualquer mudança de lei (embora eu não possa dizer isso com tranquilidade à Lena e à Teresa). Se a lei mudar e nós ficarmos como estamos, será terrível também. E não sei como havemos de ser depois de mudados. Sei é que isto em que estamos não pode continuar.»

2.2.06

Educação

Pedido de um filho

Não tenham medo de serem firmes comigo, prefiro assim. Isto faz com que eu me sinta mais seguro.
Não me estraguem. Sei que não devo ter tudo o que quero. Só estou a experimentá-los.
Não deixem que eu adquira maus hábitos. Dependo de vós para saber o que é certo ou errado.
Não me corrijam com raiva e nem na presença de estranhos. Aprenderei muito mais se falarem com calma e em particular.
Não me protejam das consequên­cias dos meus erros. Às vezes, eu pre­firo aprender pelo caminho mais ás­pero.
Não levem muito as sério as minhas dores, necessito delas para obter a atenção que desejo.
Não sejam irritantes ao corrigir-me, se assim o fizerem, eu po­derei fazer o contrário do que me pedem.
Não me façam promessas que não poderão cumprir depois. Isto deixar-me-á profundamente desapontado e tentado a dizer men­tiras.
Não desconversem quando faço perguntas, senão irei procurar na rua as respostas que não encontro em casa.
Não se mostrem para mim como pessoas perfeitas e infalíveis. Ficarei extremamente chocado quando descobrir algum erro vosso. Não digam que os meus temores são tontarias, mas sim, aju­dem-me a compreendê-los.
Não digam que não me conseguem controlar. Eu julgarei que sou mais forte.
Não vivam apontando-me os defeitos das pessoas que me cer­cam. Isto criará em mim desde cedo um espirito intolerante.
Não desistam de me ensinar o bem, mesmo que pareça que eu não aprendo.
Não me tratem como uma pessoa sem personalidade. Tenho o meu próprio modo de ser. Mas preciso quem me ajude a corrigir.
Se eu errar corrijam-me. Mas, sempre que senti­rem que mereço, façam-me sentir o vosso apreço.
Autor desconhecido

28.1.06

Alma Gémea


Determinada rapariga sonhava com o seu príncipe encantado. Mas os anos iam passando e não mais ele vinha procurá-la.
Resolveu então partir a ver se o encontrava.
Despediu-se da família e amigos e foi em sua demanda.
Muitos anos depois, regressou sozinha e desanimada. Todos lhe perguntavam:
– Encontraste aquele que procuravas ?
Sim, encontrei. Encontrei aquele com quem sonhava. Era na verdade uma perfeição de sonho, era o homem perfeito...
– Bem, filha, onde está ele?
– Ah, mãe, que tristeza ! Ele também andava à procura da mulher perfeita !!!

25.1.06

Um direito humano

O direito ao crédito

"Colocar o "direito ao crédito" na carta fundamental dos direitos do Homem é o próximo desafio de Muhamad Yunus, o criador do minicrédito.
Impossível? Talvez não. Para quem acredita há 30 anos que "é possível transformar utopias em realidade", nada é impossível.
Afinal quando, em 1997, o "pai" do microcrédito conseguiu impor nos objectivos do milénio a meta de passar de 7,5 milhões de beneficiários do microcrédito para os 100 milhões até 2005, muito poucos, para além dele próprio, acreditavam.
"Oito anos passados não só atingimos essa meta como julgo que a teremos mesmo ultrapassado, com um terço a sair da pobreza", disse, pleno de satisfação, o fundador bengali do Grameen Bank, falando para uma plateia de responsáveis governamentais e instituições de solidariedade nacionais, que despertam para a potencialidade do microcrédito.
Porquê lutar pelo direito ao crédito? "O meu argumento é o seguinte: não adianta consagrar o direito à saúde, ao trabalho, à educação, tudo óptimas ideias, se todos sabemos que os Estados não têm dinheiro suficiente para fazer cumprir todos esses direitos. O que é importante, o direito fundamental, deve ser capacitar os indivíduos com os meios que lhes permitam ser autónomos, criando o seu próprio emprego".
E para quem não perceba, Yunus relembra que todos os homens nascem com a mesmas ferramentas, a mesma criatividade.
"Os pobres são apenas pessoas a quem tiraram o direito a ter espaço para se desenvolver. Tal como as árvores se forem colocadas em vasos pequenos sem espaço para crescer nunca ultrapassam um determinado tamanho".
O microcrédito, diz, é o espaço para crescerem.
Dos jornais

17.1.06

Mas as crianças, Senhor...

A matança dos inocentes continua

Vítimas de uma enorme variedade de tragédias e abusos, 860 milhões de crianças no mundo vivem em um permanente pesadelo, enquanto que seu futuro é uma incógnita.

Quando se fala dos direitos das crianças, fala-se de um problema que afecta 2,2 bilhões de seres humanos. Vítimas da fome, da Sida, do abandono, da ignorância e da solidão, são o escândalo de nosso tempo. Para 860 milhões de crianças no mundo, o futuro é uma incógnita, o presente um pesadelo; foi-lhes «roubada a infância.
A notícia que tem em conta dados de organismos internacionais, revela que o número de crianças-trabalhadoras chega a 211 milhões entre 5 e 14 anos de idade; delas, 120 milhões trabalham a «tempo completo». A maior parte --171 milhões-- em condições arriscadas. A Ásia é o continente mais afectado por este fenómeno.
O documento denuncia também que na raiz de muitas formas de exploração está o facto de que os países mais pobres entre aqueles em vias de desenvolvimento, mais de 50 milhões de crianças nem sequer são registradas quando nascem.

8.1.06

Casamento

Por concordar com o autor e o achar com interesse, deixo aqui este texto para quantos o não puderam ler. E, se quiser, deixe a sua opinião

«É falso que o casamento heterossexual seja ilegitimamente discriminatório. Em democracia, as minorias devem ser respeitadas, mas não podem decidir em nome da maioria.»
O Expresso da semana passada reabriu o debate sobre o casamento entre homossexuais. Do ponto de vista da política nacional e das eleições presidenciais, não é seguramente uma questão prioritária - como, aliás, apenas um dos candidatos sublinhou. Mas, no plano intelectual e mediático, é uma questão que vem ganhando relevância. É neste plano que me proponho discuti-la. Por limitações de espaço, deixo por agora de lado as questões morais.
O principal argumento que tem sido apresentado para justificar o casamento entre homossexuais é o da não discriminação. A lei deve tratar os indivíduos como iguais, independentemente da sua raça, sexo, opiniões políticas ou credos religiosos. Logo, se a lei reconhece o casamento heterossexual, terá de reconhecer igualmente o casamento homossexual.
Este argumento contém, pelo menos, duas dificuldades.
Declive escorregadio A primeira é a do proverbial «slippery slope» (declive escorregadio). Se aceitássemos o referido argumento como conclusivo - e não apenas como presuntivo - ficaria aberto o caminho para termos de aceitar todas as bizarrias como «casamentos», desde que isso fosse reclamado consensualmente pelos interessados: os «casamentos» poligâmicos, os «casamentos» poliândricos, os «casamentos» incestuosos, etc. Por outras palavras, o contrato específico a que chamamos casamento perderia toda a sua especificidade e passaria a designar qualquer coisa que um grupo minoritário, consensualmente entre si, reclamasse como «casamento».
A segunda dificuldade - que, em rigor, explica a dificuldade anterior - consiste em observar que o argumento da não discriminação está formulado de forma incompleta. Quando se diz, por exemplo, que um empregador não pode discriminar candidatos a uma função com base no sexo, o que se supõe é que, para essa função, o sexo do candidato não é relevante. Mas, se o sexo for considerado relevante para a função em causa, o empregador pode e deve escolher homens em vez de mulheres, ou mulheres em vez de homens. Sobretudo, pode fazê-lo com toda a legitimidade, sem estar a promover qualquer tipo de discriminação ilegítima.
Discriminações legítimas É por isso que, por exemplo, nenhum homem protestará em tribunal por não ter sido contratado para a função de modelo de roupa feminina. Para essa função, o sexo é considerado relevante. É também por isso que nenhum adolescente protestará em tribunal por não lhe ser concedida a carta de condução - ainda que possa demonstrar saber conduzir. Para essa função, a idade é considerada relevante.
Isto significa que, no caso do casamento - tal como no dos modelos, ou das cartas de condução -, não basta falar em discriminação. É preciso saber se a variável discriminatória (o sexo ou a idade, nos exemplos referidos) é ou não relevante para a função em apreço. No caso do casamento, é preciso saber se o sexo dos parceiros é ou não relevante para a definição de casamento perante a lei.
Ouvir a maioria Pode agora ser ripostado que o casamento é uma convenção social e que, por isso, saber se o sexo dos parceiros é ou não relevante é uma matéria de opinião e, por isso, mutável. Será assim, até certo ponto. (Da mesma forma que, até certo ponto, são convenções, e, portanto, até certo ponto, matérias de opinião, os artefactos que constituem uma civilização. Isto, por outro lado, já sugere que as convenções - designadamente as convenções civilizacionais -, pelo facto de serem convenções, não são necessariamente arbitrárias ou equivalentes. Mas é um facto que podem ser alteradas. Como também é um facto que algumas dessas alterações conduziram no passado ao declínio de civilizações).
Se for assim, porém, isso significa que é falso que o casamento heterossexual seja, só por si, ilegitimamente discriminatório contra os homossexuais. Em democracia, resta saber se a maioria considera ou não que o sexo dos parceiros é relevante para a definição do casamento perante a lei. Em democracia, as minorias devem ser respeitadas, mas não podem decidir em nome da maioria.
João Carlos Espada - «Expresso» desta semana

2.1.06

O complexo de esquerda

Assino estas palavras

Por concordar com o autor, deixo aqui a sua mensagem:

«Permitam um desabafo gostava de ser de esquerda.Quando ouço os líderes falar sobre os seus objectivos, sinto uma identificação sincera e atenta. A sua preocupação declarada são os mais pobres, os que menos têm e menos podem. Que propósito político é mais digno e elevado? Reformados, imigrantes, operários, trabalhadores em geral são a sua luta, de uma forma que nenhum outro partido iguala.Então não tenho dúvidas sou de esquerda. Depois passam aos meios para esse objectivo, e aí começam as divergências. Divergências que são entre esses meios e os interesses que dizem defender.Existem cinco grandes contradições na esquerda.Primeiro, uma questão filosófica. Um pobre é sempre pragmático. A necessidade aguça o engenho e os carenciados são astutos gestores dos magros haveres, com uma lucidez e imaginação que ultrapassa a dos grandes empresários. Mas não existem forças políticas mais dogmáticas que as de esquerda. Presas a conceitos abstractos e modelos arcaicos, ligam à retórica ideológica e não à eficácia concreta.O que interessa são "direitos adquiridos", "conquistas inalienáveis", mesmo que isso atrase o de-senvolvimento e aumente a pobreza e o desemprego. Segundo, uma questão económica. Na análise económica os disparates são esmagadores.Dominados por teorias obsoletas e desqualificadas, insistem em chavões populistas, em geral desmiolados, sem qualquer eficácia na defesa dos reais interesses dos mais pobres. É incrível como o modelo intelectual da esquerda continua a responder à situação industrial de Oitocentos.Os exemplos aqui são miríade.A imperiosa luta contra o capital e a visão conflituante da empresa são impostas independentemente dos reais interesses dos trabalhadores. Essa fúria espanta o capital nacional e externo e contribui poderosamente para a paralisia e atraso.A defesa da intervenção do Estado, toda paga com impostos dos trabalhadores, tem criado e mantido enormes desperdícios e abusos. A ignorância das radicais mudanças recentes, por exemplo na natureza do capital, leva-os a atacar a poupança dos pobres, que compõem os famigerados fundos mobiliários que popularizaram o mercado financeiro.Estas não são questões de opinião. São simples erros técnicos.Terceiro, uma questão mundial. A esquerda nasceu aberta e internacionalista. Enfrentando a tacanha cobiça nacional das potências, afirmava uma visão transversal e solidária da humanidade. Depois deixou que esse internacionalismo fosse capturado pelo interesse nacional de potências particulares, URSS ou China, pervertendo a generosa inspiração inicial.Agora, paradoxalmente, virou proteccionista numa luta míope e retrógrada contra a globalização, mais uma vez sem atenção aos reais interesses dos menos favorecidos. A abertura dos têxteis chineses, por exemplo, beneficiaria muito todos os pobres nacionais, que se vestiriam muito mais barato. Porquê insistir na manutenção de indústrias obsoletas e dispendiosas?Em quarto lugar aparece a recente opção da esquerda na luta contra a família. Depois do seu falhanço económico, que fez esquecer velhos mitos da "sociedade sem classes" e "ditadura do proletariado", passou a promover o aborto, eutanásia, uniões de facto, prostituição, casamento e adopção por homossexuais, etc. Estas não são causas dos pobres, mas bandeiras de burgueses debochados em juventude retardada. Pelo contrário, os mais desfavorecidos precisam de uma política clara de apoio à família, a mais antiga e segura forma de segurança social. Mas esta é a única medida omitida no palavroso programa do actual Governo socialista. Finalmente, surge a velha opção da esquerda contra a religião.Também aqui se trata, não de interesse dos pobres, mas de manias de intelectual pedante. Por causa desta irritação espúria contra a fé, a esquerda tem perseguido e até chacinado milhões de pobres e destruído a base cultural e social da sua vida. Por todas estas razões mantenho a discordância. Mas sinto que não sou de esquerda por razões de esquerda.»
João César das Neves