15.11.05

A força de Fátima

Um texto de Luís Delgado

São impressionantes, para um católico, mas igualmente para qualquer outro cidadão de outra religião, ou ateu, ou simplesmente desatento, as imagens de fé que levaram, no sábado, centenas de milhares de pessoas a acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas de Lisboa.Não é vulgar, nem comum, em país algum, que uma procissão, numa capital despovoada, ao final da tarde, com um tempo pouco agradável, junte tantos fiéis, homens da Igreja, católicos serenos ou afastados das igrejas, e dos rituais dominicais, para seguir com fé e evidente crença a manifestação que deu lugar à consagração da cidade a Nossa Senhora. E as imagens mostraram pessoas de todas as idades, jovens e idosos, classes distintas, raças diferentes, mas todos unidos pela mesma devoção. É bom que a Igreja, e as suas imagens, saiam dos seus redutos e locais de culto para se misturarem com os cidadãos comuns, anónimos, e que pela magnitude evidenciada, não se reproduz, de nenhu-ma forma, no que se vê, diariamente ou aos domingos, nas missas rezadas nas dezenas de igrejas da capital. Foi inédito, grandioso, elevado e regenerador, particularmente num mo-mento do País e dos portugueses em que nada dá esperança, em que o futuro é uma incógnita e em que as dificuldades se avolumam. É nisto que a religião católica, como outras, noutras partes do mundo, se eleva e transforma as pessoas. Nossa Senhora de Fátima tem uma força popular explicável, e que todos os anos se renova no seu santuário, mas que desta vez desceu à capital e produziu o milagre de juntar mais fiéis do que, eventualmente, alguma vez se concentraram em Fátima. Portugal é um país católico, mas tímido nessa demonstração, no seu dia-a-dia, mas que aparece em momentos excepcionais e quando a grandeza da ocasião chama por si. No sábado, Lisboa foi um santuário improvisado, repleto, mostrando que tem uma fé inabalável na Igreja Católica Romana e na Mãe de Cristo. Calem-se, por um momento, os que achavam o contrário, e que no seu pessimismo agnóstico e militante tentavam reduzir a Igreja a um bastião ultrapassado e sem futuro. Lisboa católica provou estar viva e empenhada e com uma fé inabalável.
Luís Delgado

9 comentários:

Anónimo disse...

Foi um acontecimento que vai marcar uma nova evangelização de toda a Diocese de Lisboa e arredores, se as pessoas não se ficarem pelo espectáculo e emoção.
Mas temo que isso seja sol de pouca dura.
J. Costa

Anónimo disse...

Foi um acontecimento que vai marcar uma nova evangelização de toda a Diocese de Lisboa e arredores, se as pessoas não se ficarem pelo espectáculo e emoção.
Mas temo que isso seja sol de pouca dura.
J. Costa

José Avlis disse...

O caríssimo Luís Delgado tem toda a razão em falar/desabafar/rejubilar assim!
Oxalá a maioria dos Católicos (pelo menos) pense e aja assim, cada vez melhor, não só na teoria, mas também na prática e com o máximo de fidelidade/perseverança!

Todavia, para além de tudo isso - de todo esse espectacular e providencial acontecimento Cristão e Mariano, como infelizmente há tão poucos no mundo inteiro, por culpa exclusiva dos homens materialistas e comodistas! -, uma das coisas que mais me comoveu e deliciou, no melhor dos sentidos, foi a Consagração, de toda a Cidade de Lisboa, e não apenas dos Católicos de Lisboa, a Nossa Senhora de Fátima, ou seja, à Mãe de Deus e, consequentemente, Mãe de toda a Humanidade (que não apenas dos Cristãos)!
Católicos, protestantes, pagãos, agnósticos e ateus – todos, sem excepção alguma! -, foram solenemente consagrados, tal como no Sacramento do Baptismo as criancinhas ainda bebés, através dos seus padrinhos (como legítimos representantes) são feitas realmente filhas de Deus; e portanto sem o seu consentimento pessoal/directo/explícito, mas por delegação legítima/divinamente válida, graças a Deus!
E agora, no caso da Consagração total de toda a População de Lisboa, sem excepção alguma - e indirectamente de todos os Portugueses, pelo menos -, graças também à Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Padroeira de Portugal (Terra de Santa Maria) e Mãe da Humanidade, quer acreditem ou não, quer concordem ou não, quer respeitem ou não...
Os caminhos de Deus são realmente insondáveis e totalmente imprevisíveis, mas profundamente justos e maravilhosos, misericordiosos e sobrenaturais!
E ainda há quem se queixe e proteste por tudo e por nada, sem mexer uma palha para melhorar ou agradecer o quer que seja, nem sequer em benefício próprio, antes pelo contrário!...

V. / Ó Maria concebida sem pecado,
R. / Rogai por nós que recorremos a Vós!

V. / Ó meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno,
R. / Levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem!

* * *

JM

Ver para crer disse...

Caríssima Sandra:

Foi feliz na escolha deste texto para o seu blogue.É um texto expressivo do sentir da maioria dos portugueses!

entre-aspas disse...

Prudentemente, abstenho-me de comentar.

PDivulg disse...

Espero eu que esta manifestação de Fé seja uma marca para que os Pastores saibam aproveitar as conclusões que daqui advem. "ide e ensinai" disse Jesus, e é isso mesmo que os católicos necessitam, de PAstores que não tem medo de sair dos seus templos de pedra e que no terreno, junto das populações falem de Jesus.

José Avlis disse...

Caro Pdivulg
Só os Católicos?
De modo nenhum, mas também todos os Cristãos em geral, e pelo menos.
Mas realmente todas as pessoas, independentemente de serem cristãs ou pagãs, crentes ou agnósticas, podem e devem evangelizar/moralizar/civilizar, cada qual à sua maneira, segundo os dons recebidos do Criador da Humanidade e de todas as coisas, até porque Jesus Cristo encarnou, sofreu e morreu por todos, sem qualquer acepção, ou seja, remiu toda a Humanidade, para que todos se salvem (se quiserem), e assim ninguém tem a menor desculpa se, por sua própria e exclusiva vontade (o que Deus respeita plenamente), se autoexcluir do Amor e da Justiça infinitos de Deus...
Estamos todos à prova, todos.
Atenciosamente
JM

Anónimo disse...

Quanto a mim tenho gostado de ler os vossos comentários e, sobretudo, este do Mariano.
Bom fim-de-semana para todos, caríssimos.

luis manuel disse...

De facto tratou-se de uma grandiosa manifestação de fé, e sobretudo de vontade em partilhar os mais valiosos ideiais Cristãos.
Solidariedade, Tolerância, Esperança, Optimismo, fundamentalmente : Amor ao Próximo.
Sei que muitas práticas e comportamentos de cristãos, não se reflectem nestes valores, no seu dia a dia ou até mesmo nas suas manifestações e práticas religiosas. Os discursos são por vezes, talvez muitas vezes, pessimistas e alarmantes, no sentido retrógado.
O que não pode implicar a ignorância do essencial, e a consciência da evolução humana.
Cumpre-nos respeitar as opiniões divergentes ou diversas, exigindo no entanto uma permanente atitude respeitosa pelo próximo, sem o atrevimento de fundamentalismos ou de auto proclamação de únicos herdeiros da verdade.
Participar no que estiver ao nosso alcance para diminuir a pobreza, aumentar a esperança, dar valor ás capacidades de cada um.
Ouvir e saber utilizar a atitude saudável, positiva e essencial que muitos agnósticos, ateus, e crentes de outras religiões, usam e oferecem na sua vivência.
Enfim, unir todos os pedaços que cada Homem terá consigo, resultando num Mundo mais justo, digno e entusiasticamente empenhado em harmonizar as suas virtudes, distribuindo igualdade e fraternidade na liberdade de cada um.
Um abraço